Solto-me, virtualmente, pelos caminhos de uma pequena aldeida que a pouco e pouco se cobrem de extensos mantos brancos, resplandescentes e suculentos que nem claras com açúcar batidas em castelo, chega a dar vontade...
Os tectos das suas casas, também eles branquinhos, espelham a luz de um sol demasiado longínquo para os poder libertar dessa neve, de aparência tão doce e inocente, mas que queima se a tocas.
O branco do cume das montanhas desenha na perfeição a linha do horizonte, que separa o céu tão límpido e azul dos tons cinza e ocre duma terra apagada e envelhecida pelos ventos de Inverno! Na sua base cursos de água correm borbulhentos por entre rochedos, para desaguarem em rios ou lagos velhinhos de esperar...
Dou-me conta que não estou só, ao longe apercebo-me de outras presenças que, como eu, deixam as marcas dos seus passos em sulcos profundos, difíceis de apagar... assim é o ser humano, a sua presença pode ser curta mas as marcas que deixa podem prevalecer para além da sua passagem e por vezes mesmo da sua existência.
Assim foi a tua passagem nas nossas vidas, deixou sulcos profundos, bem mais profundos que passos sobre a neve, bem mais vivos que estes cursos de água borbulhentos... e que nada nem ninguém vão poder algum dia apagar !
Mas devo confessar que anseio pelo dia em que vou poder lembrar-te sem este peso no peito, nem esta dôr a rasgar-me a alma !
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