Custou sair da cama, depois duma noite mal-dormida e custou ainda mais sair de casa para uma cidade gelada, cinzenta e despida de gente. O Inverno já chegou e faz-se sentir em todo o seu grizalho esplendor ! São poucos os que ousam passear pelas ruas, quem cruzamos passa ligeiro, quase corre, como quem foge a ser tocado pelo frio.
Não nego a beleza do Inverno, mas o seu frio cruel e a sua falta de luz põe na ribalta a brutalidade da minha solidão e isso fere-me, morde-me a alma que atribulada quase me salta pela boca num grito rouco de desespero.
Tempos houve em que gostava do Inverno, da sensação de abrigo por detrás duma janela com uma chávena de café bem quentinho nas mãos... a olhar as árvores despidas, sacudidas pelo vento e pela chuva ou quebradas sob o fardo sublime de um manto de neve.
Nesses tempos o meu escudo não eram as paredes de cimento, mas sim as muralhas de mãos e abraços – de calor humano - ao meu redor ! O tal sentimento de pertença a uma Tribo...
Chamem-lhe o que quiserem, eu chamo-lhe Família e a minha sumiu sob o peso dos meus erros.
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