Em plena letargia...

Horas e horas, dias, semanas, meses duma preguiça indesejada! 

Apesar dessa inércia que se foi instalando como um muro e que não pára de crescer, que se eleva e tudo isola, há dentro dela a certeza de que algo acabará por a despertar desse torpor, desse estado de coma lúcido e cruel!

Do outro lado do muro está certamente a resposta, e pouco a pouco desafia o medo de mais uma desilusão e põe preto no branco os contornos do seu sentir, como quem esboça um desenho... pouco a pouco descobre-se e descobre em si a rebelia de outros tempos ao dar-se conta que a sua vida, como a de quase todos, se encontra suspensa e que hoje se vive a um ritmo lento, descompassado e condicionado pelas necessidades mais básicas de um dia-a-dia em que cada um, só ou em família, se vê fechado na sua própria bolha, transparente e frágil.

Pensando bem talvez seja esse o cenário mais adequado a qualquer despertar! Talvez seja exactamente o que lhe faltava para quebrar a casca do seu ovo, rasgar a mordaça daquele sufoco e finalmente se libertar numa cascata infindável de memórias onde o baile colorido das palavras será palco das mais fortes e sentidas emoções!

De volta, inteira, mais velha e até talvez mais louca, mas viva e pronta...