mardi 22 juillet 2014

Miséria ao vivo... em Genebra!

O mês é Maio, 26 o dia e como numa qualquer Segunda-feira de 2014 a semana parecia anunciar-se normal, até que resolvi espreitar o tempo da minha varanda, na esperança de ver o sol calar a chuva, e o meu olhar se esbugalhou diante da imagem de um homem a remexer ativamente os contentores do lixo! Espanto e tristeza são as palavras que melhor traduzem o meu sentir naquele momento.
Nada de realmente novo, dirão vocês, pois esse tipo de imagem, entra-nos pela casa dentro quase quotidianamente, a ilustrar notícias que nos falam da miséria por esse mundo fora!
É verdade que já tinha visto algo de tristemente idêntico num desses telejornais, mas ao vivo e em Genebra,
foi a primeira vez!
Afinal estamos na Suiça, um país rico entre os mais ricos e que há bem pouco tempo era noticiado pela rádio como tendo uma população que apresenta um índice de felicidade dos mais elevados do Mundo! Mas pelos vistos  este Mundo encerra outros, tão distantes e opostos, que mesmo partilhando um só espaço nem todos fazem parte do mesmo mundo!
Ser obrigado a remexer as lixeiras para viver, ou melhor sobreviver, é para mim a imagem que reflete com rigor e crueldade a exclusão em meio urbano, sinal claro de decadência, senão mesmo de morte, do que de mais   precioso tem o ser humano: a sua dignidade!
E de repente em apenas alguns segundos senti-me invadida por um imenso sentimento de culpa. Era urgente reagir, fazer algo, mas o quê?  Rapidamente percebi que tudo o que pudesse no momento fazer, como dar-lhe de comer ou beber, em nada mudaria aquele instante e menos ainda o rumo da sua vida!  Pois no dia seguinte a fome   como a sede voltariam e a resposta a tais necessidades seria cruel e impiedosamente a mesma:
 - procurar na lixeira!
O pior é que tomar consciência dos nosso limites, ou daqueles que nos são impostos, em nada melhora ou ajuda, pelo contrário, antes parece aumentar a nossa responsabilidade por maior que seja o nosso desacordo. A democracia é também isso, cohabitar com inúmeras injustiças e contentar-se com a  possibilidade de  apenas  poder  exprimir o seu desacordo sem que no imediato, nada mude.
Enquanto isso há vidas que procuram, nos restos da abundância de outras, a sua própria subsistência!
 Horizonte, aparentemente, límpido...

20 commentaires:

  1. A pobreza tem crescido mundialmente, mesmo nos países mais ricos como a Suiça.
    Excelente texto, uma chamada de atenção para um problema que, sendo ainda ténue na tua cidade, se pode alastrar rapidamente.
    Bom resto de semana.
    Beijo, querida amiga Laura.

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  2. Voltei e estou te seguindo.
    Beijos...

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  3. Nilson Barcelli,
    E é precisamente isso que me angustia! :-(

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  4. Crista,
    Pois para mim é a primeira vez que te vejo nos meus jardins, mas podes voltar sempre que te apetecer ;-)

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  5. Laura...
    Descrevestes muito bem a realidade!
    O final do teu texto diz tudo:
    "Enquanto isso há vidas que procuram, nos restos da abundância de outras, a sua própria subsistência!"
    Me emocionei.
    Abraço-te com carinho...

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  6. Voltando para te desejar restinho da semana bem ameno e feliz.
    Tomara que não seja muito frio e chuvoso...
    Aqui está terrível,imagina para quem não gosta do frio como eu...rsrsrsrsrs...
    Beijão...
    Obrigada por me visitar e me dar um olá!

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  7. Olá: venho agradecer a simpática visita ao vemsonharcomigo.Gostei do teu post.Tu acabaste por gostar do meu, pois ambos falam de realidades que incomodam, não é? O que descreves é uma vergonha.Há uns anos vi o mesmo em Lisboa, mas era uma senhora de idade.A comer do caixote do lixo.Nada fiz.Fiquei com os pés pregados no chão.Era muito novinha.Hoje seria diferente.Sou avessa a injustiças e devemos sempre reclamar e mostrar. Não há que ter medo.Mesmo que isso se torne publico.publico. Não há que ter medo.Mesmo que isso se torne publico.Os blogs e os perfis sociais têm que ter ter essa função também.

    Beijinho doce.tenho lá novo post

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  8. Por aqui vê-se tanta miséria, todos os dias, cada vez mais... Quando tal começa a chegar aos países mais ricos, é um sinal preocupante... O capitalismo está a conduzir as sociedades à desgraça, e contra isso somos impotentes - resta-nos tentar fazer tudo o que está ao nosso alcance para tentar mitigar o sofrimento dos que nos rodeiam, quanto mais não seja, para nos sentirmos bem connosco próprios... Eu faço-o, sempre que posso.

    Um beijo grande.

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  9. Demian,
    E é esse sentimento de impotência que mais dói! Pessoalmente, vou tentando, ou melhor vamos tentando, contribuir positivamente ajudando por exemplo aqueles que nos são mais próximos e que se encontram em situação difícil.
    Mas sentir-me bem comigo mesma já não basta, a falta de perspetivas é angustiante e não deixa prever nada de bom :-(

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  10. MEU DOCE AMOR,
    Não podia estar mais de acordo! Volta sempre ;-)

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  11. Crista,
    Bom final de semana para ti também. Por aqui o tempo tem estado muito tristonho e cinzento com tanta chuva!! Dizem que está a ser o mês de Julho mais pluvioso dos últimos 60 anos, mas ainda assim está-se bem! Um abraço e volta sempres ;-)

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  12. Querida amiga Laura, espero que esteja tudo bem contigo.
    Tem um bom domingo e uma boa semana.
    Ou boas férias, se for o caso.
    Beijo.

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  13. Laura: espero que a paz esteja junto a ti.Obrigada pelo carinho no meu Cotidiano.abraços meus

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  14. Já nada é o que era...!
    Maria Simplesmente

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  15. Lia Noronha,
    Obrigada, faço minhas as tuas palavras e volta sempre ;-)

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  16. Maria simplesmente,
    Há quanto tempo!!! É verdade tudo muda e nem sempre para melhor :-(
    Vou tentar encontrar o teu blogue e fazer-te uma visitinha. Volta sempre

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  17. A perfeição não existe, Laura, é uma triste lição que a vida nos dá.

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    1. Em contrapartida a possibilidade de nos aproximarmos o mais possível não só existe como se recomenda ;-)

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  18. Olá:

    Pseudo democracia, não?Enfim!

    Beijinho doce

    Faz tempo que não um post neste jardim

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    1. Olá
      Não, não acho. Acho antes que em democracia existem imperfeições por vezes flagrantes e dignas de um qualquer regime totalitário. A diferença é que sob um regime totalitário "comes e calas", caso contrário corres o risco de que te forçem a calar e de maneira brutal, enquanto numa democracia tens o direito de te exprimir e até de lutar para que as coisas mudem ainda que isso não seja garante de mudança sobretudo tão imediata quanto por vezes seria desejável!
      Mas volta sempre ;-)

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