jeudi 10 novembre 2016

Quando sonhar é tudo o que nos resta!



Foi quase a medo e pé ante pé que voltei ao meu blogue. 
Ao dar-me conta de nem sequer me lembrar do título e tema do último post cheguei a recear não o reconhecer... é que só então realizei ter estado ausente mais de dois anos!
Um bem longo parêntesis, mas apenas na escrita, pois não impediu a vida de seguir o seu curso nem o tempo de passar... como só ele, sem dó nem piedade!
As filhotas, já adultas, vão construindo o seu pequeno ninho e seguindo, cada uma, o seu próprio rumo.
Da grande família, que cheguei a detestar quase tanto quanto amei, já pouco resta! E aqui poderia desenvolver o tema da dualidade de sentimentos que sempre me despertaram alguns dos meus familiares, e por incrível que pareça os mais próximos senão mesmo os mais queridos... mas seria longo e demasiado doloroso.
Felizmente que os Pais já não são deste mundo, ou muito teriam ainda sofrido ao ver desagregar-se a família que a tanto custo criaram.
Da irmã, do irmão e do agora ex-cunhado, sem falar dos sobrinhos, pouco ou nada sei e muitas vezes me pergunto como vão e por onde andam? Todos longe, demasiado longe, da vista claro e quase do coracão, não fora um grão ínfimo de esperança, uma boa dose de teimosia e esta minha capacidade de sonhar!
Ao longo destes últimos dez anos os nossos caminhos raramente se cruzaram e nessas poucas quanto breves ocasiões em vez de reforçarmos os laços, apenas nos limitamos a trocar palavras, despidas de sentimento e até de verdade! Dir-se-ia que com o passar do tempo, o que até então nos diferenciou ganhava mais peso, tornando-se bem mais forte que o que sempre nos uniu e acabando por instaurar um silêncio brutal e absoluto que terminaria em ruptura!
A minha família é assim mesmo, e o melhor é aceitar, até porque há muito que me dei conta que não há famílias perfeitas, porque haveria a minha de escapar à regra?!
Doeu, ainda hoje dói, mas o tempo foi passando e dei comigo a transformar toda a frustração sentida em vontade de sonhar. E podem crer eu sonho muito! E foi assim que à custa de muito esforço e paciência alguns dos meus sonhos se realizaram, certamente os mais realistas. Outros foram ficando pelo caminho, eternamente projectos mas ainda assim contribuindo para a pessoa que hoje sou. Pois uns como outros, concretizados ou não, revelaram-se verdadeiros balsâmos para almas inquietas como a minha! E aqui poderia também desenvolver o tema deste imenso sentimento de culpa, que desde sempre, ou quase, me acompanha! Mas uma vez mais seria longo e profundamente doloroso!
Volto por isso aos sonhos e dou-me conta, que de entre todos, aquele que hoje me parece o mais distante senão mesmo inacessível, que nem a lua ou as estrelas, é talvez o mais simples e humilde: o de me ver rodeada de toda a família, sem excepções, numa casinha térrea de janelas amplas, abertas ao mundo e a largos horizontes, que imagino coloridos ao ritmo das estações. Todos juntos, ainda que bem diferentes e até ímpares no que toca à imperfeição, mas verdadeiros e solidários, capazes de transformar o que nos distingue na força que em tempos nos uniu.
Como é bom sonhar! Sobretudo quando receamos ser tudo o que nos resta.

2 commentaires:

  1. Não terás toda a família, mas terás uma parte dela à tua volta. Sonhar não custa, mas a melhor maneira de sofrer menos é não exagerar nas expetativas. Até porque já há mesmo um estudo que prova que mais vale só que mal acompanhado. Neste caso, mais vale teres só parte da família perto de ti do que teres a família toda e as desilusões serem muitas.

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  2. Pois... essa é concerteza a perspectiva do copo meio cheio. Mas meio vazio ou meio cheio, não deixa de ser meio. Ainda assim não deixas de ter uma certa razão.

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