Olhar o mar, ouvir o ruído das suas ondas, imaginar os pés mergulhados nas suas águas e passear sem pressas, de peito leve e mãos dolorosamente soltas. É assim que me imagino num futuro perto e contudo tão longe dos meus sonhos...
A tua ausência é tão real que o seu peso me esmaga o peito, distorcendo sem dó o espelho da alma, de onde rompem aturdidas todas as lágrimas!
Revejo, uma a uma, fotografias tuas e o meu olhar adormece nas curvas do teu rosto, nas formas cheias e redondas dos teus ombros, na firmeza dócil das tuas mãos, para acordar triste e magoado no espaço que era o teu... o cadeirão, mesmo aqui ao lado, onde te sentavas a ouvir música ou a ler o jornal.
Pouco antes de partires, disse-te em lágrimas "a minha casa és Tu!" Hoje sou uma sem-abrigo e o nosso passado é o meu refúgio. Queria poder apagar-me, aqui e agora, para me reacender quando a tua alma fôr já abrigo da minha.
Enquanto espero, quero celebrar memórias, reviver lembranças, mas sobretudo quero-Te em paz, a iluminar o meu caminho com o sorriso desse teu olhar tão verde, tão lindo!