Saio porque ficar dói, mas sair acaba também por doer. Ninguém me espera, apenas o asfalto, o frio e os ruídos daqueles que realmente vivem sem mesmo se darem conta. Cada dia que passa tento focar-me numa pequena acção ou gesto, algo que me dê a sensação de que ainda estou viva e que sê-lo vale toda esta pena!
Não foi só mais um dia de desterro e solidão, de distância e silêncio, de carência e tristeza... pode não parecer mas ainda estou viva! Eu existo, mesmo que por vezes me sinta perder o direito de ser eu, insignificante, imperfeita, incompleta... perdida numa teia que se construíu à minha volta sem sequer me dar conta ! Não posso mexer-me muito, sob pena de paralizar por completo, tenho que esperar a vinda do sol e deixar que o seu calor dissolva as linhas perfeitas da teia.
Março parece-me o mês ideal para ousar partir, ficar longe por um longo período, feito de muitos dias em que também estarei só, mas completa, perfeita, rodeada de mar, das nossas lembranças e livre dos laços que me prendem à teia dolorosa da minha existência sem Ti.
Espera por mim... Primavera