samedi 10 mai 2025

"A minha casa és TU"

 


Olhar o mar, ouvir o ruído das suas ondas, imaginar os pés mergulhados nas suas águas e passear sem pressas, de peito leve e mãos dolorosamente soltas. É assim que me imagino num futuro perto e contudo tão longe dos meus sonhos...

A tua ausência é tão real que o seu peso me esmaga o peito, distorcendo sem dó o espelho da alma, de onde rompem aturdidas todas as lágrimas!

Revejo, uma a uma, fotografias tuas e o meu olhar adormece nas curvas do teu rosto, nas formas cheias e redondas dos teus ombros, na firmeza dócil das tuas mãos, para acordar triste e magoado no espaço que era o teu... o cadeirão, mesmo aqui ao lado, onde te sentavas a ouvir música ou a ler o jornal.

Pouco antes de partires, disse-te em lágrimas "a minha casa és Tu!" Hoje sou uma sem-abrigo e o nosso passado é o meu refúgio. Queria poder apagar-me, aqui e agora, para me reacender quando a tua alma fôr já abrigo da minha. 

Enquanto espero, quero celebrar memórias, reviver lembranças, mas sobretudo quero-Te em paz, a iluminar o meu caminho com o sorriso desse teu olhar tão verde, tão lindo!

jeudi 8 mai 2025

Pomessa adiada...



Já é tarde, digo-me, a jeito de quem procura um bom refúgio para se esconder e faltar assim ao que a si mesma prometeu. 

A verdade é que receio o julgamento dos outros e, talvez ainda mais, o meu próprio julgamento! Era jovem, acreditava em tudo, até em mim! Queria viajar pelo mundo e nele deixar a minha impressão. Como se a alguém pudesse interessar! 

Hoje que tudo já não passa de um sonho adiado e quase moribundo, a alma dói-me e espicaça-me a memória com recordações que me chamam e me despertam da monotonia dos dias e das longas horas de solidão.

Quase nada parece ter sobrado de um percurso tão sinuoso e recheado, de gentes, de terras, de amores, de crianças, de sonhos, de promessas... de Vida enfim.

Deveria, pelo menos, conseguir perceber o porquê de tanta decepção e tanta mágoa. Para isso talvez deva ousar, primeiro, aceitar o desencanto dos outros, o seu afastamento e depois aceitar a minha própria fuga deste mundo, que hoje não me quer, porque antes, mais não fiz que me isolar e fugir dele.

Não se trata de arrependimento mas sim de capacidade de aceitação, de vontade de digerir e assimilar para poder seguir, finalmente, o meu caminho.

Neste meu mundo, cada dia mais pequeno, já não há espaço para dúvidas, sonhos ou hesitações. O tempo urge e aquele que me sobra deveria ser vivido e apreciado até ao fim... 


lundi 5 mai 2025

Saber intuitivo

 


Instinto, só e apenas instinto. 

Deixo-me guiar pelo instinto, faço o que ele me dita e quando o sinto. Nesse preciso momento, nem sequer me apercebo, só depois, quando o resultado se revela certeiro. É nessa altura que me dou conta que algo ou alguém guia os meus passos e os meus gestos. 

Um pensamento que rapidamente se transforma num sentimento que reconforta e tranquiliza. Nem sequer preciso de estar atenta ao mundo exterior, apenas ao meu mundo interior, ao bater das asas da minha ansiedade, ao sopro inconstante dos meus medos, ao fluxo permanente dos meus sonhos. Entre o que espero e o que alcanço desenha-se uma ponte que nem sempre ouso atravessar.

E assim traço os meus dias, com linhas suaves, coloridas e até por vezes ponteadas, como as linhas das minhas mãos...

Não é viver isso mesmo? Seguir um traçado, desenhando a cada encruzilhada novos caminhos, sem sabermos onde nos levam mas na esperança de chegarmos onde o coração nos quer.

vendredi 2 mai 2025

À deriva...

 




Foi-me aconselhado escrever sem tema nem rumo, como quem sai à rua sem destino e não pode parar. É suposto libertar-me do que me pesa na alma, na mente e no corpo! Não sei se acredito mas tenho que tentar, tenho que me dar essa oportunidade.

Sinto-me suspensa na vida e pela vida, como uma folha que se solta da árvore e volteia no ar, receosa da queda e ainda mais do sítio onde irá cair.

Só, isolada do amor, da amizade, da alegria, do sentimento de pertença, da vontade de alcançar, uma meta, um sonho, o que quer que seja que dê sentido à minha história e à minha vida nesta fase tão brutalmente estranha. E as lágrimas rompem com uma raiva incontida, uma dôr tão intensa que aperta o peito e afunda ainda mais todos os meus medos!

Procurar sem saber o quê?! Olhar à volta e olhar para dentro. Acreditar que algures ao meu redor ou até talvez dentro de mim encontrarei as respostas que me darão a paz de que tanto preciso.

Durmo sonos de suor e sobressalto, vivo dias de inquietude e saio à toa, sem destino nem bússola... agora mesmo, sentada à mesa de um café escrevo e observo, através das paredes de vidro, as gentes que passam leves e ligeiras, com um rumo já traçado. Eu também já fui como elas!

Hoje sou um ser à deriva, como um barco que perdeu o seu timoneiro e se deixa levar pelas ondas do mar e o sopro dos ventos! Só quero chegar a bom porto e nele encontrar meu sossego, minha paz, meu destino...

mardi 29 avril 2025

Em tempos... foi proibido proibir!

 


Ao sair de casa vi-a passar, quis chamá-la, mas não fui capaz! Impedi-me, cobardemente, de o fazer! Todo e qualquer contacto ou chamamento me foi proibido, sob pena de destruir o que nos resta... não sei bem o que é mas não quero arriscar!

Continuei meu caminho e quis o azar, ou a sorte, de assistir na rua ao encontro de duas pessoas, que param, sorriem e se abraçam, num abraço estreito e demorado de quem quer recuperar o tempo passado longe! O meu olhar, sequioso e triste, permaneceu fixo para de imediato se afogar em lágrimas. Puxei rapidamente dos óculos e segui caminho, consciente, mais do que nunca, da minha solidão.

Como foi possível chegar aqui, a este ponto de ruptura e desencontro?! Peço a Deus, ao Universo e a todos os Anjos que nos ajudem a encontrar o laço que sempre nos uniu.

samedi 26 avril 2025

Silêncio






 Dizer o quê?

O silêncio não se diz, sente-se... no olhar que se perde, na pele que se arrepia, na alma que dói.

O silêncio não tem cor, nem tempo, apenas o peso das palavras que não ousamos partilhar.

O silêncio realça as cores da paisagem e dá-lhes vida, dá-lhes alma, tal arco-íris de um final de tarde, sequioso d'água.

O silêncio lembra-nos as promessas esquecidas, porque em silêncio nos perdemos, de nós mesmos e da Terra prometida!

jeudi 13 février 2025

Mon Amour à moi...


Sa présence ne passait jamais inaperçue, elle remplissait de son allure chaque pièce et sa voix, tonitruante et joyeuse, résonnait partout. Il respirait la bienveillance et l'assurance. Rien ne le pouvait jamais arrêter ou empêcher, il arrivait toujours ou il fallait. Dans le métier comme dans l'amitié il était présent!


La maladie l'a effacé et petit-à-petit absorbé et consommé toute son énergie aussi bien que sa chair! Jour après jour je le sentais mourir à petit feu et malgré l'immense douleur ressentie, son absence a laissé en moi la cratère profonde d'un volcan à jamais éteint!

Mon Amor à moi je t'aimais, je t'aime et je t'aimerais.