Primeiro há que esperar que as nuvens se dissipem, que o sol as rasgue ou que o vento as sopre para bem longe. Depois há que olhar a realidade em frente, pesar os prós e os contra, analisar a viabilidade da nossa presença e sobretudo o quanto somos queridos por perto. É aqui que os meus receios são grandes e as minhas dúvidas angustiantes. Sentir-se só dói, mas sentir-se deslocado ou até indesejado dói ainda mais!
Tento desdramatizar pensando no passado, no meu próprio caminho, enquanto filha e depois mãe. A verdade é que nesse tempo, que vai bem longe, fiz as minhas escolhas pensando no imediato em mim o que me levou a afastar-me, por longos períodos, daqueles que me amavam e que certamente esperavam de mim uma presença mais efetiva e constante! Nenhuma das minhas decisões foi contra quem quer que fosse, tomei-as pensando em mim, mas a verdade é que as minhas escolhas nos afastaram. Aliás, a certo ponto do meu percurso, tomei consciência disso mesmo o que alimentou em mim um enorme sentimento de culpa. Daí ter passado alguns anos a tentar, por várias formas, resgatar o mal feito junto daqueles que acreditei ter magoado!
A verdade é que apesar dessa tomada de consciência e das várias tentativas de resgate, ainda hoje não alcancei a paz que esperava ou qualquer tipo de conforto. O passado não muda e menos ainda o presente, só porque lamentamos as consequências dos caminhos escolhidos. Há que aceitar e seguir em frente.
Hoje o meu combate é encontrar o equilíbrio entre o que realmente preciso e as escolhas possíveis. Felizmente que o meu caminho está hoje bem mais perto da linha do horizonte...