jeudi 25 décembre 2025

Emocionalmente distante...





Decidi tentar uma nova abordagem à minha situação, para um tempo que chamo de transição. Mas ainda assim o final, salvo milagre, adivinha-se junto ao mar...


Entretanto o meu maior desejo é o de recuperar a atenção, o carinho e o respeito de quem mais amo. A 22 de Dezembro de 2025 o meu maior receio é jamais o conseguir e o pior é que não consigo perceber quando e como as perdi !? Até há bem pouco tempo senti-as tão próximas... cada vez que ao sair da garagem olhava o nosso prédio sentia-me invadida por um sentimento de segurança e conforto, apenas por me saber rodeada de ambas. No meu coração nada nem nimguém poderia nunca separar-nos.


Ironia do destino, durante este último ano, senti-as distantes como nunca antes... como se um enorme precipício se tivesse aberto entre as três, como se uma parede se tivesse erguido impedindo-nos de nos tocarmos ou sequer nos olharmos !


O que quer que tenha feito queria poder desfazer, ou fazer o que quer que não fiz e devesse ter feito ! E em forma de oração vou pedindo, a Deus, ao Universo, a todos os Anjos e Almas boas, que me ajudem iluminando o meu caminho.


Mantenho-me à distância que me foi exigida, quietinha no meu canto, mergulhada na minha solidão à espera que me procurem, que me batam à porta, ou que o telefone toque e uma voz doce e terna queira abrir-se comigo e saber de mim e dos meus dias...


Depois duma véspera de Natal especialmente calma e dolorosa, hoje 25 de Dezembro de 2025 bem dentro de mim fez-se luz e percebi finalmenteque que não há nada a fazer senão continuar quieta no meu canto, mas sem nada esperar, absolutamente nada de ninguém, permanecer emocionalmente distante...


Na noite passada, o distúrbio emocional que me consumiu durante dois longos anos, apagou-se... finalmente !


vendredi 12 décembre 2025

Por mais que tente...

 


Por mais que tente este seu coração não abranda, não aceita e não esquece... dói-lhe a ausência, de quem teima em amar desde da primeira célula, do primeiro sopro, do primeiro grito.


Mas ninguém procura este seu coração... o telefone não toca nem lhe batem à porta. Um olhar, um sorriso, uma palavra, um pequeno gesto bastariam...

Será que o peso das suas lágrimas o fez cair no oceano do esquecimento ?! Alguém lhe terá dito ''não chores, mantém-te digno'' e ainda ''segue a tua vida...''.


Já não há compasso para o seu bater no seio de quem fez parte do seu pequeno mundo... era pequeno sim, mas colorido, e acolhedor. Um pequeno mundo de gente real, cheia de vida, muitos sonhos, alegrias e algumas imperfeições.

Gente como ela, de carne e osso, onde morder deixa marcas e dói ! Mas as feridas da carne um dia cicatrizam e finalmente fecham, já as feridas da alma não se vêm, nunca sabemos quando e se realmente um dia fecham... basta por vezes uma imagem, um aroma, uma frase e a cicatriz abre-se e as lágrimas soltam-se em catadupa, num desespero sem fim nem freio !


O tempo passa mas este seu coração continua a não abrandar, a não aceitar e a não querer esquecer. Porque esquecer é deixar morrer a nossa história, é apagar os passos que nos trouxeram até aqui... onde hoje somos quem somos : mais velhos, mais frágeis, mas também mais autênticos e livres !

dimanche 7 décembre 2025

Foram dois longos anos... meu Anjo!


 



Foram dois longos anos, os mais longos de toda a minha vida !


Em 2024 contemplei o rosto do Homem que mais amei resistir ao sofrimento em silêncio e sem nunca se queixar... vi-o transformar-se, vi a luz dos seus olhos lentamente apagar-se e segurei nas minhas as suas mãos, no desejo profundo de nunca as esquecer e guardar na minha alma a Paixão que nos abraçou e o Amor que nos uniu. Rezei baixinho, enquanto lhe lavava o corpo, mas não houve milagre... e assim mergulhei no desespero atroz da impotência, nadando contra a corrente até à última hora da sua vida.


Após a sua morte e durante todo este ano de 2025, bati-me dia após dia contra o sentimento de revolta deixado pela sua ausência, contra a vertigem de ter perdido o meu chão e com ele o horizonte. Passei todos estes meses a digerir, lenta e dolorosamente o que não posso mudar... aceitar a Vida sem Ele.


É um facto, ao qual posso fugir desistindo de mim, de todos e de tudo. Mas esta manhã acordei decidida a aceitar o até aqui inaceitável, a enfrentar o até aqui impensável e continuar... na tentativa de realizar o seu último desejo, confessado à equipa médica dos cuidados intensivos na sua última semana de vida, ''Que a minha mulher seja feliz''.


E que a tua  Luz ilumine o caminho que me resta e me ajude a encontrar a paz de que preciso para voltar a sentir a alegria de viver... meu Anjo!

vendredi 5 décembre 2025

O abrigo do perdão


 


Esta sexta-feira está a revelar-se especial...

Um dia mais doce, mais luminoso quase alegre ! Tudo porque esta manhã, às voltas com os meus pensamentos, percebi finalmente que no meio da nossa/minha tempestade, envolta nos redemoinhos da tua doença, passei ao lado do pequeno inferno que a nossa Princesa atravessava !


Naquela tarde em que resolveu anunciar-nos que iria demitir-se e procurar novo trabalho, não percebi que uma tal decisão revelava, não só, a frustração que sentia por não ter atingido as metas a que aí se propunha mas, sobretudo, a coragem de não baixar os braços e ousar procurar melhor.


Noutra qualquer altura não teria tido o mesmo peso, mas na tempestade que atravessavamos não havia lugar para mais uma barca à deriva... a nossa já sobrava !

Naquele momento, instalou-se o medo na minha mente: medo que falhasse e que se arriscasse a viver uma situação precária. Medo que rapidamente se transformou em pânico e que exprimi de forma brutal, cruel e em modo de acusação...


Hoje, mais de um ano passado, após longa ruminação, resolvi pedir-lhe que me desse um pouco do seu tempo para lhe confessar o que então me ia na alma... minutos depois batia-me à porta e finalmente, olhos nos olhos, desabafei a dôr que me consumia... mea culpa, mea culpa, minha máxima culpa !


A conversa não foi longa, mas foi intensa, calma e de um grande alívio... se queremos virar a página e seguir em frente precisamos por vezes de nos despir para, quem sabe, poder assim alcançar o abrigo do perdão !

mercredi 26 novembre 2025

Dói-me a Alma...

 



Solto-me, virtualmente, pelos caminhos de uma pequena aldeida que a pouco e pouco se cobrem de extensos mantos brancos, resplandescentes e suculentos que nem claras com açúcar batidas em castelo, chega a dar vontade...


Os tectos das suas casas, também eles branquinhos, espelham a luz de um sol demasiado longínquo para os poder libertar dessa neve, de aparência tão doce e inocente, mas que queima se a tocas.


O branco do cume das montanhas desenha na perfeição a linha do horizonte, que separa o céu tão límpido e azul dos tons cinza e ocre duma terra apagada e envelhecida pelos ventos de Inverno! Na sua base cursos de água correm borbulhentos por entre rochedos, para desaguarem em rios ou lagos velhinhos de esperar...


Dou-me conta que não estou só, ao longe apercebo-me de outras presenças que, como eu, deixam as marcas dos seus passos em sulcos profundos, difíceis de apagar... assim é o ser humano, a sua presença pode ser curta mas as marcas que deixa podem prevalecer para além da sua passagem e por vezes mesmo da sua existência.


Assim foi a tua passagem nas nossas vidas, deixou sulcos profundos, bem mais profundos que passos sobre a neve, bem mais vivos que estes cursos de água borbulhentos... e que nada nem ninguém vão poder algum dia apagar !

Mas devo confessar que anseio pelo dia em que vou poder lembrar-te sem este peso no peito, nem esta dôr a rasgar-me a alma !


vendredi 21 novembre 2025

Inverno, sem calor humano...


 


Custou sair da cama, depois duma noite mal-dormida e custou ainda mais sair de casa para uma cidade gelada, cinzenta e despida de gente. O Inverno já chegou e faz-se sentir em todo o seu grizalho esplendor ! São poucos os que ousam passear pelas ruas, quem cruzamos passa ligeiro, quase corre, como quem foge a ser tocado pelo frio.


Não nego a beleza do Inverno, mas o seu frio cruel e a sua falta de luz põe na ribalta a brutalidade da minha solidão e isso fere-me, morde-me a alma que atribulada quase me salta pela boca num grito rouco de desespero.


Tempos houve em que gostava do Inverno, da sensação de abrigo por detrás duma janela com uma chávena de café bem quentinho nas mãos... a olhar as árvores despidas, sacudidas pelo vento e pela chuva ou quebradas sob o fardo sublime de um manto de neve.


Nesses tempos o meu escudo não eram as paredes de cimento, mas sim as muralhas de mãos e abraços – de calor humano - ao meu redor ! O tal sentimento de pertença a uma Tribo...


Chamem-lhe o que quiserem, eu chamo-lhe Família  e a minha sumiu sob o peso dos meus erros.


mercredi 19 novembre 2025

Espera por mim... Primavera





Saio porque ficar dói, mas sair acaba também por doer. Ninguém me espera, apenas o asfalto, o frio e os ruídos daqueles que realmente vivem sem mesmo se darem conta. Cada dia que passa tento focar-me numa pequena acção ou gesto, algo que me dê a sensação de que ainda estou viva e que sê-lo vale toda esta pena!

 

Não foi só mais um dia de desterro e solidão, de distância e silêncio, de carência e tristeza... pode não parecer mas ainda estou viva! Eu existo, mesmo que por vezes me sinta perder o direito de ser eu, insignificante, imperfeita, incompleta... perdida numa teia que se construíu à minha volta sem sequer me dar conta ! Não posso mexer-me muito, sob pena de paralizar por completo, tenho que esperar a vinda do sol e deixar que o seu calor dissolva as linhas perfeitas da teia.


Março parece-me o mês ideal para ousar partir, ficar longe por um longo período, feito de muitos dias em que também estarei só, mas completa, perfeita, rodeada de mar, das nossas lembranças e livre dos laços que me prendem à teia dolorosa da minha existência sem Ti.

Espera por mim... Primavera