samedi 25 octobre 2025

E a solidão persiste...

 




E a solidão persiste, cinzenta e triste...


Aqueles que mais queremos, afastam-se de forma voluntária e evidente. Não sou uma boa companhia, não sou sequer uma companhia, sou uma sombra que incomoda, ou pior ainda uma obrigação que pesa !


O futuro apresenta-se liso, inodoro e incolor... nada nele apela à continuidade e menos ainda à aventura. O pior é que não lhe vejo qualquer porta de saída, qualquer alternativa, qualquer encruzilhada... nada !


Devo confessar que não há em mim qualquer desejo insuspeito, qualquer ponto de uma lista, pequena ou grande, por alcançar. Sinto apenas que uma boa amizade como companhia, de preferência bem próxima, no tempo como no espaço, iria dar-me o alento que falta, o sorriso que sossega, o caminho de regresso ao mundo dos ''normais''.


Tenho o que mereço e a solução é aguentar e continuar, até atingir a meta que já se adivinha com as três letras bem gordas FIM.

dimanche 14 septembre 2025

O fim de um ciclo





Um Domingo calmo, cinzento, frio e ventoso. 
Um dia que anuncia o fim do Verão mas também o princípio do Outono. O fim de um ciclo é simultaneamente o anúncio de um outro que, feliz ou infelizmente, lhe sucede. Assim esperam as noites pelo amanhecer, purificando-se na luz crescente de belas auroras.

Queiramos ou não, o tempo vai passando entre luz e sombra, dia e noite e deixando para trás vestígios de campos arados, frutos caídos, vindimas de outono e vinhos doces de Invernos sofridos em silêncio... falta apenas a inocência da alegria neste quadro bucólico de fim de tarde para que a tua falta seja aceite e perfeitamente integrada no ciclo inodoro e incolor destes meus dias.

Sorrisos e gargalhadas revelam-se assim as chaves preciosas que abrirão as portas do meu pequeno paraíso, para poder finalmente seguir o meu caminho.


jeudi 11 septembre 2025

Esta manhã...

 



Esta manhã decidi que quero ser feliz, quero de novo sentir alegria, arrancar do peito este medo irracional que a tua perda despertou em mim, esta raiva que em mim se agravou e que a cada sobressalto regorgito.


O teu corpo escapou ao alcançe das minhas mãos, mas a tua lembrança não... ouço a tua voz, os teus passos firmes, vejo as tuas mãos sofridas, o teu olhar meigo e paciente que procuro guardar no cantinho mais quente e luminoso do meu ser... a minha alma, o meu cofre forte, resistente ao tempo e à morte.


O meu coração esse, receia perder-te no momento em que parar de bater, cansado pela dor de viver sem ti !


A partir deste instante que cada dia seja iluminado pela lembrança doce dos teus olhos nos meus.

Aninhado no meu coração

 


Sonho acordada desde que partiste...

Imagem atrás de imagem, sinto a luz do sol aquecer-te a pele e reflectir gotas de orvalho no brilho desse teu olhar, tão verde e tão doce. Imaginar-te, aqui e agora, é transformar noites longas e sombrias em sorrisos rasgados pela certeza do reencontro.

Quisera tocar-te uma vez mais, sorrir-te uma vez mais, dizer-te tudo o que ficou por dizer, dar-te a mão e seguirmos caminho... o nosso caminho. Recuso-me a acordar do sonho inacabado da história que foi e é a nossa... imperfeita, plena de emoções, sólida e firme que nem as rochas banhadas pelo Mar que deixamos para trás.

Só assim faz sentido continuar... contigo presente, aninhado no meu coração !

mercredi 27 août 2025

Pedaços de nós...



Uma chuva miudinha e morna de Verão, uma neblina escassa e leve, uma atmosfera calma e silenciosa... por momentos nem mesmo as aves se ouvem, abrigadas sob os telhados em perfeita quietude.

Um dia como muitos outros, apenas quebrado sob o peso desta tristeza que nos acompanha onde quer que possamos ir.


Em casa, tudo e todos esperamos por ti Lilu, os bichanos, eu e todas as boas lembranças da sua presença ainda no ar. Nada mudou, apenas aquela certeza que acompanhava a sua própria aura. Antes tudo era simples e a sua continuidade evidente.


Hoje, sem Ele, evitamos até as nossas sombras fugindo do sol, mergulhando na noite e seus incontornáveis abismos, de onde pensamos sair imunes e mais resistentes. Mas a verdade é que saímos exaustas, tentadas pela inércia do medo, como se pudessemos abrir um parêntesis à Vida, por tempo indeterminado, enquanto esperamos que a tempestade passe.


Mas apenas o tempo passa, sem hesitação ou arrependimento, deixando para trás pedaços de nós à espera de um dia serem recolados... ou simplesmente abandonados.

lundi 25 août 2025

Apontando o caminho... sorrindo!





Tenha a idade que tiver um filho, no coração da mãe será sempre uma criança !


Deitada no sofá ao seu lado, encolhida em posição quase fetal, esguia e até um pouco pálida, de olhos semi-fechados, Lilu dormia... de um sono trémulo e frágil quanto ela.


Por momentos acariciou-lhe os cabelos e num gesto que nem sabe explicar, prolongou o movimento da sua mão direita, a alguns centímetros de altura, ao longo do seu corpo, como quem tenta varrer todas as más vibrações que sorrateiramente se tenham infiltrado nesse seu ser tão acolhedor e meigo.


Ao mesmo tempo ia mumurando : 'Que Deus, o Universo, a Natureza e tudo o que de bom rodeia o ser-humano te protejam, filha do meu coração... e de um momento de entrega ao Amor. Bem Hajas, sonho meu.'


Comunga do seu sofrimento e pede aos céus que a ajudem a ajudá-la, que a devolvam sã e salva, de toda a angústia e ansiedade em que mergulhou, ao perderem a parede-mestra do seu lar, o chão sagrado do seu templo... de alegrias e estrelas agora tão longínquas !

Nada está perdido, talvez suspenso, ou apenas adiado, à espera que uma vez de novo juntas, em harmonia, possam erguer-se, para continuarem, cada uma a sua estrada, certas de que Ele estará sempre por perto, apontando o caminho... sorrindo ! 

mercredi 20 août 2025

Velhas, feias e poeirentas memórias...

 




Uma profunda tristeza e um enorme vazio consomem-lhe a alma em noites febris de desassossego.


Os diálogos dos últimos dias foram intensos e marcados por velhas, feias e poeirentas memórias que o tempo e a dor incharam, agravando sem piedade o seu impacto em almas tão doridas quanto as suas.


Sente-se levada por um redemoinho sem fim, numa espiral de eterna mágoa e sofrimento. Debate-se para escapar, mas em vão, a teia das recordações rejeitadas surge agora brilhante, à luz duma consciência, entorpecida pelo choque de um despertar que não quis, para um passado nunca totalmente esquecido !


Seguir em frente parece-lhe a única saída e contudo assemelha-se a uma montanha intransponível, a uma selva intensa e cerrada cujas as raízes nos amarram às portas do próprio inferno.


Quisera voar, mas as penas soltam-se em catadupa numa queda estonteante à margem de um precipício... e eis que o anjo se vê caído... em profunda desgraça !


Perdoar-se e perdoar, é a janela que lhe pode trazer a luz, a porta para o jardim onde se encontram a paz, a harmonia e o sossego a que não foi habituada e que anseia desde que é gente.


Exausta procura força, triste procura alegria, só procura apoio, mas hoje tem apenas a neblina como conforto e a chuva por companhia ! Melhores dias virão... ou não.