mercredi 19 novembre 2025

Espera por mim... Primavera





Saio porque ficar dói, mas sair acaba também por doer. Ninguém me espera, apenas o asfalto, o frio e os ruídos daqueles que realmente vivem sem mesmo se darem conta. Cada dia que passa tento focar-me numa pequena acção ou gesto, algo que me dê a sensação de que ainda estou viva e que sê-lo vale toda esta pena!

 

Não foi só mais um dia de desterro e solidão, de distância e silêncio, de carência e tristeza... pode não parecer mas ainda estou viva! Eu existo, mesmo que por vezes me sinta perder o direito de ser eu, insignificante, imperfeita, incompleta... perdida numa teia que se construíu à minha volta sem sequer me dar conta ! Não posso mexer-me muito, sob pena de paralizar por completo, tenho que esperar a vinda do sol e deixar que o seu calor dissolva as linhas perfeitas da teia.


Março parece-me o mês ideal para ousar partir, ficar longe por um longo período, feito de muitos dias em que também estarei só, mas completa, perfeita, rodeada de mar, das nossas lembranças e livre dos laços que me prendem à teia dolorosa da minha existência sem Ti.

Espera por mim... Primavera 

lundi 17 novembre 2025

Oxalá...




O fim de semana foi longo, talvez porque o tempo custou mais a passar... os dias de Outono/Inverno, curtos, frios e chuvosos convidam pouco ao passeio e fazem-nos mergulhar nas profundezas sombrias das nossas emoções. Umas vezes procurando respostas, outras remoendo possibilidades que nos escaparam, outras ainda tentando projectar-nos num futuro que apagará todas as falhas e nos fará esquecer os piores momentos.


A chuva miudinha, presente durante quase todo o dia, escorria pelas folhas das árvores desbotando as suas cores como numa aguarela envelhecida pela humidade de um tempo invernal e cruel.


Agitados, porque activos, são os dias de Primavera, que nos procuram enredos nas brisas coloridas dos primeiros rebentos, que nos sopram aromas de campos em flor e nos fazem acreditar na promessa de melhores dias. É o Sol o responsável, sua luz, seu calor, nos envolvem num abraço longamente esperado...


Nada acaba, tudo se transforma e recomeça, quero por isso acreditar que no novo ciclo que se anuncia, por entre as nuvens, vai haver espaço para o sonho, a ternura, as gargalhadas de um bom convívio entre amigas, a partilha de pequenas alegrias, enfim Vida sentida com prazer e esperança... Oxalá !

jeudi 13 novembre 2025

Faz hoje um ano...





Faz hoje um ano que partiste, um ano que nos deixaste entregues a nós mesmas, perdidas, confusas, revoltadas, assustadas, reduzidas a repetir ao quotidiano os mesmos passos, a seguir os mesmos caminhos, os mesmos rituais vazios e amargos.


Só uma de entre nós parece ter conseguido reencontrar-se no caminho que era já o seu, bem antes da tempestade. Chegou a perder o norte e a beirar o precipício, mas nesse momento de vertigem a força da sua mente e a lucidez do seu espírito ajudou-a a atravessar a ponte para a outra margem... a da vida sã que ainda celebra a cores a mais pequena meta. Bem-haja porque dela nascerá, ou não, o testemunho da tua existência.


As outras duas, lutam entre si, contra moínhos de vento e fantasmas de velhas dores que não conseguem nem vencer nem esquecer. Rasgam-se com palavras afiadas até ao sangue lhes inundar a alma. Esbugalham-se os olhos para exprimir a raiva das palavras não ditas, os desencontros inaceitáveis, a rejeição de um Amor a que nunca poderão fugir ainda que se matem a tentá-lo.


Pobre delas que não conhecem o silêncio do respeito na aceitação, do outro !


Partiste e os laços que nos uniam partiram também. Não só te perdemos como perdemos o espirito de família que nos unia.


Não preservamos a tua imagem, nem o Amor que nos dedicaste... PERDOA-NOS ! Porque neste nosso inferno vive a chama do nosso Amor por TI.

mardi 11 novembre 2025

Carta aberta aos amores da minha vida

 



Em luta com os meus demónios procuro-me, na esperança de um equilíbrio urgente e vital. Ainda não baixei os braços... por mim, por elas, mas também por ti, cerro os dentes, faço das tripas coração e continuo, mesmo se por vezes me sinta mais arrastar do que andar ! 


Sou dona de mim e do caminho que escolher, isto pelo menos eu sei, e por muito que possa doer não baixarei nunca os braços, antes morrer de cansaço !


Afinal de tão pouco preciso : dos vossos sorrisos, libertos daquela dôr que lhes nega o brilho da alegria, da vossa paciência, liberta de velhos conflitos, da vossa presença, sem promessas nem reservas, da vossa ternura, em pequenos e doces gestos, do vosso Amor, de gente feliz com lágrimas !


O orgulho que sinto pesa tanto, quanto o receio de não vos merecer...


Perdoem-me por isso esta minha pretensão a alcançar, por palavras, o caminho que leva aos vossos corações. É a única forma que me é familiar para ousar consegui-lo...


A vida o dirá se foi em vão, da minha parte, perto ou longe, estarei sempre ao alcançe... de uma mão estendida, de um abraço sentido, de um passo ao nosso encontro.

lundi 10 novembre 2025

Pobre de quem vê partir quem mais amou!





É raro o dia em que não chore, raro o dia em que não sinta um aperto no peito, em que não deseje por momentos desaparecer.


Porque raio hei-de eu esperar que esta dôr passe, que esta raiva desapareça, que esta sensação de puro desespero se descole de mim e desta pele sem côr?


Como posso acreditar que voltarei a ter vontade de estar... ou ser... ou ter... se nada mais me importa... me toca... me espera ?


Como travar a espiral caótica que me consome a alma e me deixa sem chão nem horizonte ?


Já nem a sombra do que sonhei me resta... a luz apagou-se, a estrada perdeu-se e a porta da prisão a que chamamos solidão é a única que me sorri escancarada !

Pobre de quem vê partir quem mais amou... 

samedi 8 novembre 2025

Nada acaba, tudo se transforma...



 

Escrever com música, passou de uma curiosidade a um hábito incontornável, é o meu jeito de esvaziar a cabeça de todo o tipo de pensamentos para deixar correr pelo teclado os meus dedos... mais leves, apenas guiados pelas sensações que a música provoca em mim. Livres assim de todo o tipo de travões e laços, deixam escapar para o papel o que pesa na alma e impede a mente de se libertar, como ideias bafientas, ligações nefastas e prazos caducos, ! Quem não as têm, uma vez chegado o Outono da Vida ? !


Lá fora o Outono está também presente, mas as suas cores cativam, enquanto a natureza se vai despindo dos ocres, alaranjados e amarelos, que sucessivamente vão abandonando as belas árvores à nudez fria e branca do Inverno ! É imortal porque ciclíco, e ainda bem, neste planeta, como nesta Vida nada é definitivo.


Outros e outras, como eu, entregam-se a este mesmo desafio : o de se espantar a cada mudança de estação, a cada novo ciclo de vida, a cada novo desafio, a cada novo combate ! A questão está em reconhecer quando é chegado o momento de assistir, muito mais do que participar !


Não ainda não acabamos, apenas nos transformamos... de actores em simples espectadores !

mercredi 5 novembre 2025

Masoquismo? Saudade? Talvez ambos...



 

Acordei duma sesta de 2h, devo confessar que com o corpo pesado e os pensamentos em perfeito desalinho... um convite recusado e de volta a sensação de rejeição. Nada de novo no cenário destes últimos tempos.


Ligo a televisão e nada que me prenda a atenção ou aguçe o apetite, invade-me um tédio que me assusta e me faz reagir. Decido sair... ficar em casa é aceitar a prisão e ceder ao papel de vítima que já não suporto.


Rapidamente me preparo, tinha adormecido vestida, já pronta para sair, só faltava enfiar o casaco pegar na bolsa, no saco dos meus instrumentos de trabalho e distração e partir à descoberta dum local e dum momento de calmia... reequilibrar a balança dos meus dias é a única tarefa que compensa e preenche este meu quotidiano, mais sofrido que vivido !


Chegada ao café – O bom gosto – há que procurar o conforto duma pequena guloseima a acompanhar um café bem quentinho... depois é deixar os dedos correrem pelo teclado, libertar as últimas emoções para poder partir mais leve e livre.


Entretanto sou assaltada por recordações que te trazem de volta... e dói meu Deus, dói tanto. São muitas as vezes em que dou comigo nos lugares que juntos frequentavamos, masoquismo ? Saudade ? Talvez ambos... só sei que dói !