dimanche 5 janvier 2025

Primeiro há que esperar...








Primeiro há que esperar que as nuvens se dissipem, que o sol as rasgue ou que o vento as sopre para bem longe. Depois há que olhar a realidade em frente, pesar os prós e os contra, analisar a viabilidade da nossa presença e sobretudo o quanto somos queridos por perto. É aqui que os meus receios são grandes e as minhas dúvidas angustiantes. Sentir-se só dói, mas sentir-se deslocado ou até indesejado dói ainda mais!

Tento desdramatizar pensando no passado, no meu próprio caminho, enquanto filha e depois mãe. A verdade é que nesse tempo, que vai bem longe, fiz as minhas escolhas pensando no imediato em mim o que me levou a afastar-me, por longos períodos, daqueles que me amavam e que certamente esperavam de mim uma presença mais efetiva e constante! Nenhuma das minhas decisões foi contra quem quer que fosse, tomei-as pensando em mim, mas a verdade é que as minhas escolhas nos afastaram. Aliás, a certo ponto do meu percurso, tomei consciência disso mesmo o que alimentou em mim um enorme sentimento de culpa. Daí ter passado alguns anos a tentar, por várias formas, resgatar o mal feito junto daqueles que acreditei ter magoado! 

A verdade é que apesar dessa tomada de consciência e das várias tentativas de resgate, ainda hoje não alcancei a paz que esperava ou qualquer tipo de conforto. O passado não muda e menos ainda o presente, só porque lamentamos as consequências dos caminhos escolhidos. Há que aceitar e seguir em frente.

Hoje o meu combate é encontrar o equilíbrio entre o que realmente preciso e as escolhas possíveis. Felizmente que o meu caminho está hoje bem mais perto da linha do horizonte...


jeudi 2 janvier 2025

Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida...





Hoje é o primeiro dia do ano, mas também o primeiro do resto da minha vida, porque houve um antes e há um depois, mas é o presente que realmente importa. Um presente que desejo sereno e em harmonia com os poucos que me rodeiam e que tanto amo! 

Livre da ansiedade e da angústia, que me acompanharam durante o ano que passou até à aceitação da tua ausência, posso finalmente viver o presente sem recear o futuro. De tudo o que vivi e senti ficou a tristeza e uma dôr, que luto para que permaneçam íntimas.

Estes dias, frios, cinzentos e sem sol, são duros de suportar mas também propícios ao recolhimento e a longas horas de meditação, recheadas de boas lembranças. Foram tantos os bons momentos que mereçem ser recordados, celebrados e que me trazem de volta o sorriso! 

A nossa vida foi um caminho recheado de encruzilhadas, desvios, pequenos e grandes, ditados pelas nossas escolhas, boas e más. Através delas aprendemos cada dia mais sobre nós mesmos e sobre o que realmente queríamos... e para terminar já queríamos tão pouco! 

Um quotidiano inteiramente ao nosso ritmo, com belos passeios junto ao mar, ou serpenteando caminhos esquecidos de pequenas e velhas aldeias! Brindes ao nascer do sol, em qualquer montanha, ou ao pôr-do-sol, em qualquer praia! Nada mais que saborear e apreciar os pequenos prazeres desta Vida. Hei-de viver mais desses momentos contigo, no meu coração!

mardi 17 décembre 2024

O dia seguinte...

 


O dia seguinte, foi longo, frio, sofrido e dum realismo assustador. De repente Tu já não estavas connosco... apesar de te ver ali mesmo, deitado, quieto, pálido, gélido e de olhos fechados. Tu já partiras, levando contigo a tua alma e com ela o calor com que antes nos abraçavas, a voz forte e vibrante com que nos despertavas e sobretudo aquele olhar verde e transparente em que me habituara a mergulhar desde o primeiro de todos os encontros!

Terrível e definitivamente só. Foi assim que me senti... não estares revelou-se a definição literal de solidão! Continuar sem ti é o único caminho possível, mas também um enorme castigo, uma tarefa imensa e pesada, para a qual não me sentia, nem sinto, preparada. No peito uma dor profunda e uma pressão imensa. Como fazer e o que fazer para continuar? Todos os dias me pergunto e a cada passo a dor continua, intensa e esmagadora! Tu já não estás e faça o que fizer não voltarás nunca... nunca mais!

Lá fora, brilha a noite pelas janelas iluminadas, vultos que se movem deixam adivinhar histórias banais de dias cinzentos, mais suportados que vividos! E eu, pequena, mortificada e insignificante procuro uma nesga de espaço, uma brecha de calor onde me possa encaixar e aquecer a alma. Entretanto dou-me conta que já não sei comunicar, desaprendi e a surdez agravou ainda mais, impedindo-me de chegar aos outros, sejam os outros quem forem. Mesmo aqueles que desde sempre me conhecem... e dói demasiado! Os dias sucedem-se às noites e eu luto ao quotidiano para alcançar aquele distanciamento que me liberte da dura realidade... luto para aceitar o que a vida me dá, sem me queixar ou reclamar! Tento, mas aceitar a tua ausência tem um peso insuportável no meu coração.

Decidi por isso escrever... procuro na escrita a terapia que me ajude a sarar este mau-estar profundo que me desencaixa do mundo e me deixa profundamente inquieta e em constante sobressalto. Digo a mim mesma que à força de repetir, em surdina, que vou conseguir e que esse dia vai chegar, o combate já está meio ganho! Assim o desejo.

Ponho, preto no branco, todo o meu descontentamento, todo o meu sofrer, todas as minhas dúvidas, todos os meus medos: como o de recear não ser capaz de continuar a viver sem ti! Tudo me parece terrívelmente pesado, triste e sem propósito...

Sinto-me viajar no desconhecido... para lá daquela linha em que ficaste, deitado e quieto, traçou-se uma fronteira que atravesso cada dia sem saber onde me vai levar. Tento confortar-me na ideia de que um dia voltaremos a estar juntos, e mais uma vez serei eu a ir ao teu encontro... estarás sentado naquela esplanada da Ribeira, vais voltar a gritar o meu nome e eu vou voltar-me, sorrir, apressar o passo na tua direção e sentar-me em frente a ti com o olhar triunfante de quem ganhou a lotaria!

 

lundi 18 novembre 2024

Obrigada por tudo! Merci pour tout!


Não quis que partisses sem te dizer: Obrigada por tudo!

Pela Paixão, pelo Amor, pela dedicação à nossa família, às minhas meninas, à nossa menina, aos nossos sonhos e à nossa luta por uma Vida melhor!

Obrigada pelo carinho, pela atenção e até pelas lágrimas, de tristeza como de alegria, ao longo da nossa Vida em comum!

Obrigada por sempre teres sido autêntico, amigo, solidário mas também verdadeiro e frontal em todos os teus gestos e escolhas!

Foste, és e serás, até ao último sopro de Vida, um Homem com um carácter de ouro, que conquistou e encantou quem cruzou o nosso caminho!

Não tocaste só a minha pele, mas também o meu coração e a minha Alma, onde deixaste a marca indelével do teu Ser!  Por tudo isto Amei-te, Amo-te e Amar-te-ei toda a minha Vida! 




Je n'ai pas voulut que tu sois parti sans te dire: Merci pour tout!

Pour la Passion, pour l'Amour, pour le dévouement à notre famille, à mes enfants, à notre enfant, à nos rêves et à notre combat pour une Vie plus digne!

Merci pour la tendresse, pour l'attention et même pour les larmes, de tristesse comme de joie, tout au long de notre Vie commune!

Merci pour toujours avoir été si authentique, ami, solidaire mais aussi vrai et clair dans tous tes gestes et choix!

T'as été, t'es et tu seras, jusqu'à ton dernier souffle, un Homme au caractère en or, qui a conquis et enchanté ceux qui ont croisé notre chemin!

Tu n'as pas seulement touché ma peau, mais aussi mon cœur et mon âme, ou t'as laissé la marque indélébile de ton être! Pour tout ça je t'Aimais, je t'Aime et je t'Aimerais toute ma Vie!


dimanche 17 novembre 2024

Mon bonheur ta priorité!



C'était le Mercredi 6 Novembre 2024. 

Nous sommes arrivé l'après-midi vers 14h aux soins palliatifs de la Clinique. Nous nous sommes installées dans ta nouvelle chambre et peu après le médecin de garde, accompagné de son équipe, est venu nous voir, pour se présenter et faire notre connaissance. 

Entretemps, je vous ai laissé quelques minutes, le temps de me chercher un truc à boire et de retour à la chambre je m'assois à ton côté et je remarque le tableau suspendu dans le mûr en face, où chaque matin le nom de chaque membre de l'équipe s'affiche, aussi bien que les messages et les souhaits des uns et des autres.

À la question adressé au patient, qu'est-ce qui est important pour vous? T'avais répondu et le médecin a pris soin de l'écrire :

- Que ma femme soit heureuse.

- Soigner les douleurs.

Exactement comme ça, par cette ordre. La plus belle déclaration d'Amour qui me soit déjà faite: Mon bonheur, ta priorité! Aussi longtemps que je puisse vivre je l'oublierais jamais. Merci mon Amour!

dimanche 10 novembre 2024

Hoje o Sol quis abraçar a nossa dor...



 

É Domingo, e é também um dia luminoso e calmo, sem chuva nem vento. Um dia bonito, que nos fez sorrir, e ter vontade de sair por aí, a celebrar o bom tempo. Um dia que mesmo dentro da nossa solidão continuou lindo!

E depois, não posso dizer que estou só, passo uma boa parte dos meus dias à tua cabeceira, apertando as tuas mãos nas minhas, sentindo o seu calor, cuidando delas, procurando paz e cumplicidade no verde límpido do teu olhar e nos traços suaves do teus lábios quando sorriem.

Sós, talvez, mas apenas neste sofrimento que é só nosso! Ninguém mais pode senti-lo como nós, ninguém pode vivê-lo como nós. Apenas nós, tu e eu até ao fim.

Hoje o Sol quis abraçar a nossa dor e aqueçer-nos e nós agradecemos!

samedi 9 novembre 2024

Sentada ao teu lado...





Sentada ao teu lado, de repente, tudo parece normal. O calor das tuas mãos sossega-me e a pele rosada do teu rosto diz-me dos teus sonhos a côr. O sono tornou-se assim o refúgio, nesse combate imenso em que o teu corpo se esgota!

Lá fora, estranhas à nossa dor, as árvores vão mudando de cor, do verde ao amarelo passando pelo laranja até se deixarem despir pelos ventos, que cada dia que passa mais sopram.

O Inverno anuncia-se e eu vejo-te partir com o Outono, talvez mesmo antes dele, como quem lhe indica o caminho. Contigo vais levar todo o meu Amor e alguns dos nossos sonhos, mas deixas memórias preciosas de um tempo que espero guardar.

Sentada ao teu lado, de mãos dadas, sinto as águas do tempo parar...