Ela chamava-se Laura, Ele Jorge, conheceram-se já adultos, cada um com a sua história numa bagagem nem leve nem pesada, mas com um conteúdo complexo. Procuravam-se sem o saberem, desconhecendo que os passos que os levaram a encontrar-se estavam já escritos na espuma do mar, nas dunas de areia moldadas pelo vento, nas estrelas cadentes de noites sem lua.
Foi na noite do dia em que seu irmão se casou, lembra Laura. E esse encontro prolongou-se por 35 anos, se contarmos os dois anos em que viveram juntos antes de se casarem.
Uma vida... de altos e baixos, sal e gargalhadas, sonhos e sobressaltos, suor e viagens e quando pensavam estar perto do patamar tão sonhado, sem horas marcadas ou obrigações diárias, despertaram para o pesadelo da doença com a morte anunciada a espreitar !
Hoje Laura pergunta, a quem a ouve e a ela mesma, porquê ? Porque foi tão lesta a Vida a tirar-lhe Jorge ?! Tão definitiva e cruel, porquê ?
A alegria apagou-se mesmo quando faz sol, o caminho não tem mais sentido, nada faz sentido, não há meta nem objectivo... o mundo tornou-se ôco. Os sorrisos escassos e forçados resgatam por vezes alguma calma... a das águas paradas de charcos sem vida !
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