mercredi 26 septembre 2018

Envelhecer...




Envelhecer dói, e não só no corpo, que vai perdendo a sua energia e a sua capacidade de resistência sob o peso de um tempo que ao passar desgasta, fragilisa e deixa marcas. Envelhecer dói também no ego que se vê posto à prova cada dia que passa, pelo impacto duma actualidade auto-imune que se renova à velocidade da luz, tornando-se omnipresente e omnipotente!  
Para alguns seres humanos, umas injecções de botox, uns liftings e o update está feito!!! Como se bastasse esticar a pele para apagar o tempo passado! Pretender ter 30 aos 50 tornou-se para muitas e muitos inevitável, senão mesmo obrigatório.
Envelhecer, na sociedade de hoje, significa tornar-se sujeito incómodo, depois sujeito a evitar, para acabar finalmente por ser sujeito de troça!
Quando tinha 15 anos detestava a ideia de envelhecer, achando que pela sua aparência a velhice era feia e até repulsiva. Hoje com 59 anos, não é a pele enrugada nem a lentidão dos gestos que me assusta, mas sim o mundo em redor com a sua indiferença disfarçada em belos e acolhedores lares onde o dia-a-dia dos seus residentes é programado e recheado de actividades devidamente adequadas.
Há os que dizem que se permanecermos jovens, no espírito e na mentalidade, também permanecemos jovens fisicamente. 
Esquecem que o aspecto exterior não é tudo, pois o percurso duma vida deixa também as suas marcas no interior de cada um de nós: pulmões cansados pelo uso de tabaco e outras ervas, corações desgastados pelo stress da luta quotidiana, que começam por tropeçar e quebrar o ritmo do seu pulsar, até aquele segundo em que subitamente, sem dó nem piedade, decidem parar! Isto já para não falar nos fígados, que quanto mais teimamos em dar de beber à dor, mais ameaçam de nos colar a reputação de os termos maus. Sem esquecer as bexigas, cujos músculos desgastados, no género feminino por sucessivos trabalhos de parto, no caso masculino não me perguntem, pois sei apenas que em qualquer dos casos perdem elasticidade e, à rebelia de toda e qualquer consciência, deixam escapar o que de mais íntimo e cheiroso tem todo o ser humano! 
E lá se vai a elegância embrulhada em papel de fralda... e agora atrevam-se a dizer-me que envelhecer não dói!


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