Foi-me aconselhado escrever sem tema nem rumo, como quem sai à rua sem destino e não pode parar. É suposto libertar-me do que me pesa na alma, na mente e no corpo! Não sei se acredito mas tenho que tentar, tenho que me dar essa oportunidade.
Sinto-me suspensa na vida e pela vida, como uma folha que se solta da árvore e volteia no ar, receosa da queda e ainda mais do sítio onde irá cair.
Só, isolada do amor, da amizade, da alegria, do sentimento de pertença, da vontade de alcançar, uma meta, um sonho, o que quer que seja que dê sentido à minha história e à minha vida nesta fase tão brutalmente estranha. E as lágrimas rompem com uma raiva incontida, uma dôr tão intensa que aperta o peito e afunda ainda mais todos os meus medos!
Procurar sem saber o quê?! Olhar à volta e olhar para dentro. Acreditar que algures ao meu redor ou até talvez dentro de mim encontrarei as respostas que me darão a paz de que tanto preciso.
Durmo sonos de suor e sobressalto, vivo dias de inquietude e saio à toa, sem destino nem bússola... agora mesmo, sentada à mesa de um café escrevo e observo, através das paredes de vidro, as gentes que passam leves e ligeiras, com um rumo já traçado. Eu também já fui como elas!
Hoje sou um ser à deriva, como um barco que perdeu o seu timoneiro e se deixa levar pelas ondas do mar e o sopro dos ventos! Só quero chegar a bom porto e nele encontrar meu sossego, minha paz, meu destino...