Aos poucos a luz vai entrando, por entre as brechas desse outro muro que a dor ergueu à sua volta e o sorriso, esse, tímido e fugaz, vai surgindo a espaços cada dia mais longos.
A normalidade da vida parece querer impôr-se e isso traz-lhe de volta a esperança de que um dia aquele aperto no peito, aquela sombra no olhar possam dar lugar à paz de um amanhecer... em harmonia consigo mesma. Sem lágrimas contidas, esmagadas contra as paredes da alma que o olhar tão bem espelha. É importante seguir em frente, é mesmo obrigatório !
Para quem fica a vida continua, impiedosa e crua, apenas suavizada pelo amor de quem nos rodeia... ou não.
Continuar é a única saída possível, não há outra escolha, o livre arbítreo, ao contrário do que lhe foi dito, é para os Deuses, não é para nós, pobres humanos, fracos e imperfeitos, tão raramente heróis.
Aceitar a perda e seguir viagem, junto às andorinhas que ainda voam por aí, porque a Primavera não se acaba se uma delas morre... apenas fica mais pobre !